sexta-feira, 26 de maio de 2023

Os símbolos, da imagem visível ao mundo invisível; uma interpretação.

“Os símbolos cristãos surgem a partir da capacidade extraordinária de unir as imagens visíveis com o mundo invisível, de forma a tornar mais clara a concepção da nova religião. Eles resumem todo um discurso espiritual de forma cifrada, que revela e oculta ao mesmo tempo a presença do personagem sagrado”. (LEMOS, 2013, p. 21) O termo símbolo, derivado do grego antigo symballein, significa agregar. Ao analisarmos a citação de Lemos percebemos a importância dada às primeiras iconografias e símbolos cristãos para a conversão dos que professavam outras religiões e até para manter a união dos já convertidos. O símbolo, e no caso específico, os símbolos cristãos têm essa força de agregar a ideologia da igreja cristã a uma determina imagem, que representa não apenas o objeto, ser ou pessoa, mas principalmente uma rede complexa de significados. A cruz por exemplo, ela quando colocada na frente de um nome significa que a pessoa já faleceu, quando a vemos na beira de uma estrada, que alguém morreu naquele local, mas se a vemos em um altar, alto de uma igreja ou local de oração ela se reveste de significados míticos, passa a simbolizar o sacrifício do Cristo pela humanidade, ao vislumbrar a cruz no contexto exposto, o cristão é tomado por emoções conflitantes, ele se arrepende de ações ou pensamentos contrários aos dogmas religiosos que processa, as leis civis a qual está sujeito, o cristão chora, ri, reza por dias melhores e agradece pelos que teve. Os símbolos cristãos também têm a função de dominação. A mente humana é facilmente manipulável. Um bom orador apoiado pelas imagens de ídolos influencia a pessoa, doutrina, impõem ideologias. O crente (aquele que acredita) quando está em um espaço sagrado, rodeado de imagens sacras (passagens bíblicas, santos, mártires etc.) é tomado por um turbilhão de emoções, desta forma o pregador pode modificar a concepção do fiel do que se pode ou não fazer, ele, o pregador tem a capacidade de moldar lógica social. Retomando a questão inicial, o cristianismo primitivo se apoderou dos símbolos greco-romanos no qual o povo sob o domínio do império romano estava familiarizado e lhes atribuiu novos significados. Os romanos fragilizados pela iminente falência do sistema e crescente violência social se voltaram para a religião cristã que apregoava novos valores sociais e morais, e os símbolos e figuras tinha um importante papel nesse processo pedagógico e doutrinário, como afirmou Lemos (2013), a imagem visível tem a capacidade de nos unir ao mundo invisível. Os símbolos são criados dentro do contexto de uma ideologia. Assim os símbolos cristãos, mesmo aqueles que antes “pertenciam” a cultura greco-romana, foram idealizados ou reelaborados como ferramentas doutrinárias, como instrumentos para a coesão da sociedade.

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